segunda-feira, 24 de outubro de 2011

28. DICIONÁRIO ORIENTAL INDIANO.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://www.espiritualismo.hostmach.com.br/glossario_indiano.htm

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A

ACARYA - Mestre espiritual que ensina por seu próprio exemplo.
ADHIKARI - Discípulo preparado, aspirante à "sabedoria de si próprio". A filosofia vedanta assinala três classes de adhikari: 1- Uttama adhikari: o discípulo perfeito, que, somente com um breve esclarecimento de seu guru a respeito do caminho, pode captar de modo total o segredo intrínseco do ensinamento recebido; 2- Maddima adhikari: o discípulo que ainda necessita de explicação, se bem que já intuiu o caminho de maneira reta e firme; 3- Addama adhikari: aquele que requer uma perfeita educação, um constante cuidado por parte de seu guru. Sua percepção da verdade é muito pálida, confusa.
ADVAITA - Não dualismo, ou monismo. Uma das três escolas de filosofia vedanta, fundada por Sankaracharya, sábio brahmin do século VIII ou IX de nossa era. O coração da sua doutrina está na afirmação "Tat Vam Asi", ou seja, a identificação do homem com Deus.
AGNI - Fogo, e também o deus do fogo, nos Vedas; o mais antigo e venerado dos deuses na Índia. O terceiro dos tattvas, contando do mais sutil ao mais denso.
AHANKARA - Aham: eu; Kara: fazer dizer. Literalmente: fazer dizer "eu". É o conceito errôneo, fantasia, suposição ou crença que relaciona todos os objetos e atos da consciência a um "eu". É o centro e primeira força causante da ilusão. Pelos efeitos do Ahankara, apropriamo-nos continuamente de tudo quanto acontece nos domínios do físico e do psíquico, acrescentando-lhe a falsa noção de um sujeito (um "eu") como espetáculo de todos os fatos e penúrias. Também se traduz como egoísmo, egocentrismo.
AHIMSA - Da raiz Han: matar; Himsa: "intenção de matar"; ahimsa: não danar, entendendo-se como não provocar nenhum tipo de sofrimento a nenhuma criatura. É o primeiro mandamento do Yama, ou "disciplina geral", exigida daqueles que aspiram ao Samadhi, e consiste em renunciar à intenção de prejudicar alguém com pensamentos, palavras ou atos – Não-violência.
AKARMA - (Naiskarma) ação pela qual não se sofre qualquer reação porque é executada em consciência de Krishna.
AKASHA - O espaço, considerado como um recipiente que abrange todas as coisas. É o primeiro dos tattvas, e é definido como "aquele que possui a capacidade de se acomodar", ou "aquele que tem a capacidade de conter". Substância primordial.
AKSHARA-PURUSHA - Akshara: indivisível, indestrutível, sempre perfeito, imutável; Purusha: mônada da vida individual, inativa, testemunha silenciosa. A filosofia Yoga afirma que existe um único Purusha, que é Ishvara.
ANANDA - Bem-aventurança transcendental.
ANTAHKARANA - Antah: interno, interior; Karana: órgão de ação, meio, instrumento; ou seja, "órgão interno". É formado pela união de Buddhi (consciência intuitiva), Ahankara (noção do eu) e manas (intelecto, mente).
ANUSVARA - Signo gramatical, correspondente a um ponto, que se coloca sobre uma letra ou sílaba, indicando que o som deve ser M ou N anasalado.
APAS - Água. Um dos cinco tattvas, o quarto deles, contando do mais sutil ao mais denso.
ARANI - Disco de madeira, com um buraco no meio, onde se faz fogo pela fricção com um pau.
ARIANO - Aquele que conhece o valor da vida e tem uma civilização baseada na realização espiritual. Nobre, valente.
ASHRAM - Literalmente: ordem, hierarquia, retiro. Edifício sagrado, mosteiro ou ermida para fins ascéticos.
ATMA - (ATMAN) A mônada divina no homem. Segundo a filosofia vedanta, este Atma é individualmente idêntico a Deus.
AUM - A sílaba sagrada, mística; emblema da divindade. O símbolo da eternidade. Com esta sílaba começam os Vedas, e com ela terminam, indicando que ela é o início e o fim deste universo. A pronúncia desta sílaba é OM, pois, no sânscrito, a vogal O forma-se pelo ditongo a+u.
AVARANA-SHAKTI - O primeiro dos dois poderes de Maya, ou ilusão; é o poder de velar a verdade, impedindo assim o real conhecimento.
AVATARA - (Lit., aquele que descende). Uma encarnação ou individuação da Divindade que descende do céu espiritual para o universo material com uma missão particular descrita nas escrituras.
AVIDYA - (a – não, vidhya – conhecimento) necessidade, ignorância.
AURIGA - Cocheiro.


B

BHAGAVAD - Variação de Bhagavant, em sânscrito significa sublime. Guita, pronuncia-se guitá – canção. Note-se que, nas palavras sânscritas, g tem sempre o som gutural; h é aspirado; sh lê-se como o ch ou x chiante (em chá, xarope); â,i,u têm o som prolongado; y é um i brevíssimo; ch soa tch.
BHAGAVAD-GITA - Canção do Divino Mestre, é o sexto parva do Mahabbarata, se estende pelos capítulos 23 a 42. Os 18 capítulos (cantos) Contam com 701 estrofes, é considerado o evangelho da índia, e os hindus acreditam, que neste poema está toda a essência dos Vedas. BHAGAVAD-GITA
BHAGAVAN (Bhaga – opulência, van – possuindo). O possuidor de todas as opulências, que são geralmente seis – riqueza, força, fama, beleza, conhecimento e renúncia; um epíteto da Individualidade Suprema.
BHAKTI - Amor a Brahman; serviço purificado dos sentidos do Senhor através dos próprios sentidos da pessoa.
BHAKTI-YOGA - O sistema do cultivo de bhakti, ou serviço devocional puro, que não é manchado pela gratificação dos sentidos ou especulação filosófica.
BHIMA - Um dos cinco irmãos Pandava.
BHISMA - Um grande devoto e membro mais velho da família da dinastia Kuru.
BRAHMA - O primeiro ser vivo creado. É o Deus-creador. A existência relativa.
BRAHMAN - O supremo e agnoscível princípio do universo, de cuja essência tudo emana e à qual tudo volta. A Divindade Universal. A essência absoluta.
BRAHAMACHARYA - O voto de estrita abstinência sexual.
BRAHMA-SUTRA - Veja Vedanta-sutra.
BRAHMA VIDYA - A ciência a respeito de Brahma e sua verdadeira natureza. Literalmente: ciência ou sabedoria divina.
BUDDHA - Literalmente: "o iluminado"; o ser perfeito, absolutamente livre de toda atadura ou ilusão.
BUDDHI - Da raiz verbal sânscrita "budh": despertar, tirar do sonho, refletir, pensar. Budhi significa o conhecimento seguro sobre algo dado, conhecimento que não permite dúvida. Órgão que discrimina; inteligência intuitiva, razão.


C

CHAKRA - Roda, círculo, disco. Utiliza-se esta palavra para nomear os sete centros de energia, padmas, plexos ou lótus que existem no corpo humano. Estes chakras são, do inferior ao superior: Muladhara, chakra raiz ou básico, localizado na base da coluna vertebral, entre o nascimento dos órgãos genitais e o ânus; Swadhistana, chakra do baço; Manipura, chakra do umbigo; Anahata, chakra cardíaco, localizado no coração; Vishuddha, chakra laríngeo, está à frente da garganta; Ajna, chakra frontal, entre as sobrancelhas; Sahasrara, chakra coronária, no alto da cabeça.
CHANDAS- Ver Vedangas.
CHITTA - A mente material, e às vezes, memória. É o particípio do verbo cint/cit: pensar; assim sendo, indica tudo quanto foi experimentado ou agido pela mente. Ghita é também a "substância mental".


D

DEVA - Um semideus ou pessoa divina. Anjo.
DHARMA - Da raiz dhr: levar, suster, portar. Significa "o que sustém, mantém unido ou elevado". É a lei universal e também a lei particular, a justiça ideal, que faz com que as coisas sejam o que é, ou melhor o que "deve ser".
DNANUM - O conhecimento que dimana do estudo dos livros filosóficos e dos ensinamentos de um mestre.
DRUPADA - Um guerreiro dos Pandavas no campo de batalha de Kuruksetra. Sua filha Draupadi era esposa dos Pandavas, e seu filho Dhrstadymna, dispôs as falanges militares dos Pandavas.
DUKHA - Dor, aflição, tristeza, pena, desgosto.
DURYODHANA - O chefe dos filhos malvados de Dhrtarastra. Foi para estabelecê-lo como rei do mundo que os Kurus lutaram na batalha de Kuruksetra.
DVESHA - Aversão, desgosto, repugnância, antipatia, ódio. Sentimento de rejeição da mente ante um objeto, situação, idéia, etc. Um dos cinco impedimentos da consciência (ver Raga).


G

GUNAS - Qualidade, modalidades, atributos. Prakriti, a matéria, caracteriza-se pelas três gunas, ou qualidades, a saber: inércia (tamas), atividade (raja) e harmonia (sattva). Estes não são simples acidentes de Prakriti, são da sua natureza mesma e formam parte da sua composição. Igualmente são as três qualidades de Maya. Quando em uma criatura predomina a guna tamas, essa criatura é torpe, preguiçosa, apática. Se predominar rajas, será agressiva, impulsiva, orgulhosa, e se for sattva, será equilibrada, harmoniosa, compreensiva. Não há coisa deste mundo que esteja livre da influência destas Gunas.
GURU - Shrotriam Brahmanishtan Guruhu, ou seja, guru, é aquele que teve a visão de Brahman. Aquele que chegou a seu templo interior, unificando-se com seu íntimo Ser: por isso está capacitado para ensinar o caminho aos que vão atrás dele na dura ladeira da ascensão espiritual; preceptor, mestre espiritual, guia.
GANDIVA - O nome do arco de Arjuna.
GANGES - O rio sagrado que corre por todo o universo, começando dos pés de lótus de Vishnu. Recomenda-se que a pessoa se banhe no Ganges para purificação.
GAYATRI - Uma vibração transcendental cantada pelas classes devidamente qualificadas das duas vezes nascidos para a realização espiritual.
GOVINDA - Nome de Krishna. "Aquele que dá prazer à terra, às vacas e aos sentidos."


H

HATA-YOGA - Há: sol; Tha: lua. Hatha: sol-lua; o significado literal seria a união do sol com a lua, ou, melhor dizendo, a harmonia do Prana solar com o lunar, na criatura humana. Esses Pranas ou energias circulam através das narinas; o solar entra pela narina direita, e o lunar pela esquerda. Levando em conta que o prana é a energia elementar do universo manifestado, seu domínio no corpo humano denota uma extrema disciplina dos veículos inferiores, requisito indispensável para o desabrochar de Atma e sua conseqüente união com Paramatma. A maioria dos grandes conhecedores destas sublimes ciências afirmam que o Hatha-yoga é somente uma preparação física, e que de maneira alguma constitui uma doutrina capaz de conduzir à união final. Por isto, se diz que ali onde termina o Hata-yoga, começa o Rajá Yoga, termo que advém do indo-europeu raj, que significa rei pela vontade de Deus, rei consagrado. Um sistema de exercícios corpóreo para ajudar a controlar os sentidos.


I

IKSVAKU - Um filho de Manu que recebeu o conhecimento da Bhagavad-gita, no passado.
ISHVARA - Literalmente: "soberana existência". É o espírito divino no homem, o aspecto de total compreensão da força vital em sua evolução e penetração do cosmos. É comparável a um bosque ou um oceano que tudo contém. Também se dá o nome de Ishvara à mônada vital, porque é uma faísca da pura luz divina transcendente, e participa da onipotência da divina essência.


J

JAPA - Cantar suave dos santos nomes de Brahman executado com a ajuda de 108 contas de rezar.
JIVA - A mônada vital individualizada, isto é, Atma-Budhi. Também pode traduzir-se como vida no sentido do Absoluto. Princípio vital, alma ou espírito vivente, criatura ou ser vivente.
JIVANMUKTI - Literalmente: "o liberado", ou "emancipado em vida". Este ser representa o supremo ideal do homem divino sobre a terra.
JIVATMA - O espírito divino no homem (ver Jiva e Atma).
JNANA - Conhecimento. Jnana material não vai além do corpo material. Jnana transcendental faz distinção entre matéria e espírito. Jnana perfeita é o conhecimento do corpo, da alma e de Brahman.
JNANA-YOGA - O processo predominantemente empírico de estabelecer o elo com o Supremo, que se executa quando a pessoa ainda está apegada à especulação mental.
JNANI - Uma pessoa que está ocupada no cultivo de conhecimento (especialmente através da especulação filosófica). Ao alcançar a perfeição, um jnani se integra em Krishna.


K

KAIVALYAM - O estado de realização da própria posição constitucional como parte e parcela de Brahman, que é preliminar à manifestação das atividades na plataforma de serviço devocional.
KAKIN - Ka: prazer; ak: dor e in: possuir, ou seja, aquele que experimenta prazer e dor; o ser individual, a mônada, o Jiva.
KALAHAMSA - Kala: tempo; hamsa: cisne, ave mística. Nome dado a Parabrahman e traduzido por "cisne que está dentro e fora do tempo".
KALY-YOGA - A era das desavenças, a Quarta e última era no ciclo de uma maha-yuga. Esta é a era na qual estamos vivendo agora. Dura 432.000 anos, dos quais já passaram 5.000 anos.
KARMA - Da raiz Kr: fazer, obra, ação, rito, execução. É a lei da ação e divide-se em três momentos ou etapas, a saber: Sanchita Karma (Sanchita: acumulado, amontoado): é o resultado de todas as nossas ações passadas mas que ainda não começaram germinar, amadurecer e transformar-se na colheita de uma vida; Prarabda Karma (da raiz Prakk: antecipado; e arabda: começando): é o Karma colhido e acumulado no passado, mas que já começou produzir frutos na forma de acontecimentos presentes. É a parte do Sanchita que vai ser vivida no momento atual. Agami Karma (Agami: vindouro): é o destino que ainda não temos assumido, aquele que, sendo efetuado (semeado) agora, será incluído em Sanchita. Sintetizando: Karma é a lei de ação e reação, de causa e efeito.
KARMA-YOGA - (1)Ação em serviço devocional; (2) ação executada por pessoa que sabe que a meta da vida é Krishna, mas que está adicta aos frutos de suas atividades.
KESHAVA - O logos manifestado, a união de Vishnu, Brahma e Maheshvara. Termo sânscrito que deriva de KA-IZA-VA, isto é: "que goza de felicidade". Nome outorgado a Vishnu ou a Krishna.
KRISHNA- É o representante do Verbo Divino ou Lógos (Cristo em nós). O nome original do Ser Realizado. A Suprema individualidade de Brahman; orador da Bhagavad-Gita.
KUNDALINI - O fogo místico, o poder serpentino, a energia primordial. É o poder cósmico no homem. É a sutil energia do Ser, que, uma vez purificada, direciona o homem para sua unidade ou raiz, Brahman, e o transforma em alma perfeita. Nasce na boca do nadi Sushma, que vai do Muladhara Chakra até o Brahmaranda, atravessando assim todo o conduto espinhal.
KUMBHAKA-YOGA - Suspensão completa das correntes de ar dentro do corpo.
KURUKSETRA - Nome de um lugar sagrado de peregrinação desde os tempos antigos. Fica perto de Nova Delhi, Índia.
KURUS - Todos os descendentes do rei Kuru, mais especificamente dos 100 filhos de Dhrastra. Os Pandavas também eram descendentes do Rei Kuru, mas Dhrtarastra queria excluí-los da tradição familiar.
KUTASTHA-CHAITANYA - Kutastha: o que está em cima, no cume, na cúspide; situado no alto. Chaitanya: espírito, inteligência, pureza. Esta é uma interpretação antropológica, pois, na cosmologia, Kustasha Chaitanya é Brahma, aquilo, a Causa sem causa, o Absoluto que, quando tentamos torná-lo inteligível, damo-lhe a característica de consciência pura.


L

LAYA - Palavra derivada da raiz "Li": dissolver, desintegrar. Ponto de equilíbrio. É o fim do universo integrado; o desaparecimento como ilusão fenomênica. É o ponto da matéria por cima e por baixo do qual cessou toda diferenciação ou mudança de manifestação.


M

MAHABHARATA - Grande poema épico escrito por Vyasadeva, que descreve as aventuras dos Pandavas. A Bhagavad-Gita está incluída no Mahabharata. É considerado a Bíblia dos Hindus, é o maior poema que já existiu com cerca de 200.000 versos. (Supera Homero com a sua A Ilíade que possui 15.000 versos, e a Odisséia tem 12.000).
MAHAPARABHAKTI - Maha: grande, poderoso, rico, abundante; para: infinito, limite extremo; bhakti: devoção adoração, amor divino. Limitada devoção e entrega total a Deus.
MAHARISH - Grande vidente, ou sábio.
MAHATMA- Uma grande alma, uma pessoa que realmente compreende que Brahman é tudo e portanto se rende a Ele.
MAHAVAKYA - Literalmente: "grande fórmula", "grande sentença". A primeira Mahavakva afirma "tu és Aquele" (Tat Vam Asi); a Segunda, "eu sou Deus" (Aham Brahmasmi); a terceira, "este Atma é Deus" (Aiam Atma Brahman), e a Quarta , o conhecimento de Atma é Deus" (Pragnanam Brahman), também traduzida como "o conhecimento das escrituras e Deus".
MAHA-YUGA - Um período de tempo. Dura 4.230.000 anos solares.
MANAS - Da raiz "man": pensar. É a faculdade mental, o intelecto, que flui e está em continuo movimento. Junto com Ahankara e Budhi constituem o "órgão inteiro", ou Antahkarama.
MANTRA - (man – mente – tra – liberação) uma vibração sonora pura para libertar a mente de suas inclinações materiais. O mais sagrado dos mantras orientais é Om.
MANU - O semideus administrador que é o pai da humanidade.
MAYA - Ilusão. O poder cósmico que faz possível a existência fenomênica e as percepções da mesma. De acordo com a filosofia hindu, somente aquilo que é imutável e eterno merece o nome de realidade; tudo o que está sujeito à mudança e que, portanto, tem princípio e fim, é considerado Maya.
MOKSHA - Liberdade, resgate, emancipação. É a libertação final de todo laço ou obstáculo, a união definitiva com Brahman, após a qual já não se volta a reencarnar. Equivalente a Nirvana.
MUKUNDA - Nome de Krishna, "o que dá a libertação".
MULAPRAKRITI - Mula: Raiz, base, origem, fundamento; Prakriti: a natureza, ou mundo material. A matéria primordial e elemental. Literalmente, é a raiz da natureza ou da matéria. É também sinônimo de Brahman, Causa sem causa.
MUMUKSHUT (ou MUMUKSHUTVA) - Desejo de liberação, de espiritual liberdade. É a quarta e última das condições necessárias ao discípulo, a saber: Viveka (discernimento), Vairagya (desapego), Satsampatti (seis virtudes) e Mumukshut (desejo de liberação).
MUNI - Um sábio ou alma auto-realizada.


N

NADIS - Da raiz nad: movimento. São condutos, canais, tubos de matéria astral por onde fluem as correntes vitais ou forças prânicas e psíquicas. Sua composição é de matéria sutil, portanto não podem ser vistos nem pode ser demonstrada sua existência a nível físico. Num corpo humano existem de 72.000 a 3.500.000, segundo diversos autores. Os mais conhecidos são: Sushumna, Ida e Pingala.
NAISKARMA - Veja Akarma.
NIDRA - Sonho; a atividade espontânea da substância mental contínua, e o prazer experimentado por ela durante a etapa onírica. Uma das cinco modificações da mente.
NIRALAMBHA - Nira: sem auxílio, apoio, apoiado em si próprio; lambha: grande, vasto, espaçoso. Refere-se ao estado de Samadhi (ver).
NIRGUNA- (Nir – sem, guna – qualidade) que não possui atributos. Quando aplicado a Deus, refere-se à manifestação dos atributos materiais.
NIRODHA - Cessação ou suspensão de todas as transformações e atividades mentais. É o fim dos cincos obstáculos da mente, a saber: Pramana, Viparyaya, Vikalpa, Nidra e Smriti (ver estes termos).
NIRVANA- A palavra designa a desaparição de todas as ilusões; é o domínio completo do espírito sobre a matéria. Quietação. É o repouso na verdade eterna.
NIRVIKALPA SAMADHI - Ver Samadhi.


O
OM TAT SAT - As três sílabas transcendentais usadas pelos brahmanes para satisfação do Supremo, quando cantam hinos védicos ou oferecem sacrifício. Elas indicam a Suprema Verdade Absoluta, a Individualidade de Brahman.


P
PANDAVAS - Os cinco filhos do Rei Pandu: Yudhisthira, Arjuna, Bhima, Nakulas e Sahadeva.
PANDU - Literalmente: "o pálido". Pai putativo dos príncipes pandavas, adversários dos Kuravas na magnífica epopéia indiana do Mahabharata. Seus filhos foram os célebres Yudhishtira, Bhima, Arjuna, Nakula e Sahadeva.
PARAMAHAMSA - A classe mais elevada de devotos que realizaram Brahman.
PARAMATMA - A suprema alma do universo. O espírito universal; o Eu Supremo que é Uno com o espírito universal.
PARVATI - Esposa do deus Shiva. As vezes, recebe o nome de Durga.
PATANJALI - Uma grande autoridade no sistema de astanga-yoga e autor do Yogasutra.
PRAKRITI- A natureza ou mundo material; a matéria primordial e elementar. A energia materializada que, por sua vez, é a manifestação temporal da essência eterna, incorpórea e supra-espiritual, que é o mais íntimo ser de todas as coisas. É a contraparte de Purusha, que é a natureza espiritual ou espírito. Também se traduz por ignorância.
PRAMANA- Noções corretas que derivam das percepções corretas ou diretas por meio dos sentidos, das inferências corretas, ou deduções, e das testemunhas corretas, isto é, da autoridade da experiência alheia. Pramana é uma das cinco modificações da mente, que, segundo a análise da Sankya-Yoga, é necessário deter a fim de atingir o estado de Nirodha, onde desaparece a distinção entre objeto e sujeito.
PRANA - Alento de vida, energia vital. A vida que impregna todo corpo vivo, do mais insignificante ao mais complexo. É a porção da vida universal, onipresente, eterna, indestrutível, individualizada ou assimilada a um corpo em particular; quando esse corpo morre, o Prana volta ao oceano da vida cósmica.
PRANAVA - Expressão glorificada, ou laudatório. É equivalente a AUM, símbolo da divindade, nome místico de Deus, sílaba sagrada por excelência.
PRANAYAMA - Controle, disciplina e domínio da respiração em seus três momentos ou etapas: a) inspiração (do prana ou ar vital), chamada Pura-Ka; b) retenção, acumulação ou anulação de qualquer movimento de entrada ou saída; recebe o nome de Kumbaka; e, c) expiração lenta e prolongada, deixando os pulmões quase vazios; corresponde a Rechaka. Os exercícios de Pranayama têm por objetivo dominar as energias vitais e purificar o veículo físico, e são os passos preliminares do Raja-Yoga.
PRATYAHARA - Cessação das atividades sensoriais (uma das oito partes do sistema de astanga-yoga).
PRITIVI - Terra, o mais denso dos cinco tattvas, ou elemento primordial.


R

RAGA - Simpatia, gosto, interesse afeição, atração. É o terceiro obstáculo, ou impedimento, para a manifestação da verdadeira essência espiritual; estes obstáculos são: 1º) Avidya: ignorância, falta do real conhecimento, aquele que transcende as percepções da mente ou dos sentidos; 2º) Asmita (asmi: eu sou): A noção do eu como agente de todas as atividades. O egoísmo, o egocentrismo; 3º) Raga: desejo, gosto, paixão; 4º) Dvesha: contrário ao anterior, ou seja: aversão desgosto, repugnância, antipatia, ódio. Estes dois impedimentos (Raga-Dvesha) são a base de todos os pares de opostos na órbita das emoções, dos sentimentos, dos pensamentos, etc.; 5º) Abhinivesa: apego à vida, temor ao sofrimento.
RAJAS - Literalmente: "impureza". Ação, atividade, paixão. É uma das três Gunas, ou qualidades, da matéria (ou Maya). Predomina no reino humano e, às vezes, assemelha-se ao "pó", que cobre todas as coisas. A cor correspondente é o vermelho (ver Gunas).
RAMA - (1) Nome da Verdade Absoluta como a fonte de prazer ilimitada para os transcendentalistas; (2) encarnação de Brahman como um rei perfeito (Senhor Ramacandra).
RUPA - Corpo.
RISH - Vidente, sábio, profeta.


S

SADHU - Homem santo, devoto.
SAMADHI - Sam-adha: "possessão de si próprio". É o último passo e experiência do Yoga; é a absorção completa e total na verdade una, onde o ego se dissolve como a luz de uma vela confunde-se na brilhante luz do dia, depois do amanhecer. Fala-se da existência de duas classes de Samadhi; o Savikalpa, ou Samadhi com modificações, no qual, embora a mente esteja purificada, ainda não desapareceu dela a distinção entre o conhecedor, o conhecimento e as coisas conhecidas. O intelecto está em atividade, portanto a liberação não pode ser atingida. O Nirvikalpa, ou Samadhi sem modificações, é a extinção das diferenças percebidas entre conhecedor, conhecimento e objeto do conhecimento. O eu desaparece, e, com ele, a consciência desse eu que determina as ilusórias distinções. O Nirvikalpa é a real absorção no Divino.
SAMALAMBHA - Sama: repressão de toda perturbação mental, domínio de si próprio; lambha: grande, vasto, espaçoso. Refere-se ao estado de Samadhi (ver).
SAMSKARA - Este é um termo de amplas significações, a saber: impressão, influência, operação, forma, molde. Deriva da raiz verbal Kr: fazer. Sams-Kr: preparar, dar forma a algo para ser utilizado, mudar ou transformar. Também "o que foi trabalhado, cultivado e configurado". Samskara designa então os germens das inclinações e impulsos que advêm dos nascimentos anteriores para serem desenvolvidos nesta ou em futuras encarnações. Por outro lado, são as impressões deixadas pelos hábitos, sensações, percepções, etc., na matéria mental.
SANKARACARYA - Uma encarnação do Senhor Shiva que apareceu no século VIII para propagar uma filosofia impersonalista com o objetivo de erradicar o budismo na Índia e restabelecer a autoridade dos Vedas.
SANKHYA - (1) Processo de yoga devocional descrito pelo Senhor Kapila no Srimad-Bhagavatam; (2) compreensão analítica do corpo e da alma.
SANYASI - Sannya: riqueza, e nyasa: renúncia, abandono; ou seja, renúncia das riquezas. O quarto estágio da vida humana, acorda da existência, no qual se renuncia a todos os bens materiais e, solitariamente, procura-se a reunião com Deus através do Samadhi. As etapas precedentes são: Brahmacharya, grehasta e vanaprastha.
SAT - Ser, essência, realidade, pureza, bondade. Sat é Ser, mas Ser como deve (dharma) ser, isto é, perfeito. A essência divina, a primeira e última realidade. Um dos três atributos do Absoluto ou Brahman: Sat (ser), Chit (sabedoria suprema) e Ananda (felicidade sublime).
SATSAMPATTI - Conjunto das seis virtudes do discípulo competente, a saber: Shama (controle da mente), Dama (controle dos sentidos), Uparati (estado do pensamento no qual se ambiciona unicamente Brahman), Titiksha (indiferença ante o prazer e a dor), Samadana (constante concentração da mente) e Mumukshut (desejo de libertação).
SATTVA - Da raiz: ser; ou seja, "ser como deve ser". Literalmente: bondade, pureza, harmonia, entendimento, claridade, perfeição. É o estado ideal de ser. A primeira das três Gunas, ou qualidades da matéria (ou Maya). Predomina nos deuses e nas criaturas celestiais, nas pessoas totalmente desapegadas e voltadas para fins espirituais. O branco é a cor que lhe corresponde (ver Gunas).
SAVIKALPA SAMADHI - Ver Samadhi
SHIVA - No panteão indiano, representa o arquétipo do asceta, o deus da libertação, o Yogui dos Yoguis, o destruidor da ilusão ou da ignorância. É a terceira pessoa da Trimurti, ou trindade: Brahma, Vishma, Shiva. Diz a tradição que esse deus está no monte Kailasa, no Himalaia, absorto em contínua meditação.
SIDDHA - Santo, asceta, uma criatura pura e perfeita, quase divina, um yogui ou adhikari dotado de poderes interiores.
SIDDHIS - Literalmente significa atributos de perfeição. São poderes extraordinários que se adquirem como decorrência da purificação e elevação da consciência. Geralmente se fala de oito poderes.
SLOKA - A métrica épica sânscrita, formada de trinta e duas sílabas.
SMRITI - Memória. Atividade da substância mental como produto das impressões das experiências passadas. Essas impressões provocam movimentos e incitam à ação. É uma das cinco atividades da mente.
SUKHA - Gozo, prazer, alegria, deleite, satisfação.


T

TAMAS - Literalmente: obscuro, negro, azul negro. Inércia, impureza; tenebroso. Uma das três Gunas, ou modalidades, da matéria (ou maya). Qualidade predominante nos brutos, no reino vegetal e inorgânico. Espiritualmente é cegueira, inconsciência. (Ver Gunas).
TANMATRA - Matra: meramente; tan: isso; ou seja, insignificância. Os cinco elementos em seu estado sutil, que também recebem o nome de A-Panchikreta. Esses elementos primários são Espaço ou Éter, Ar, Fogo, Água e Terra. Em um de seus aspectos, são as cinco experiências sensoriais: som, tato, cor e forma, sabor e odor.
TANTRA - Literalmente: tear, urdume, sistema, ritual. Determinadas obras místicas e mágicas, cuja peculiaridade é o culto do poder feminino, personificado em Zakti. A maior parte dos Tantras estão dedicados a uma das múltiplas formas da esposa de Shiva, e estão escritos em forma de diálogo entre ambas as divindades. É possível que o Tantra tenha suas raízes em terras não arianas, pré-arianas, drávidas.
TATTVA (TATTWA)- Os princípios abstratos da existência, ou categorias – físicas e metafísicas. Equivalente às categorias de Aristóteles. Os Tattvas são cinco, a saber: Akasha (definido como aquilo que tem a capacidade de conter, ou seja, o espaço: Vayu (ar), Agni (fogo); Apas (água); e Pritivi (terra). Estes cinco Tattvas correspondem aos cinco sentidos, dando origem às sensações do ouvido, tato, visão, gosto e olfato. Correspondência dos elementos da alquimia.
TRIPUTI - O processo mental que percebe a diferença entre: sujeito que contempla, objeto contemplado e via de contemplação.


U

UPANISHADS - As seletas filosóficas dos Vedas, como os Isa Upanishads, Katha Upanishads, etc. Eles são 108 em número.
UTTARA GITA - Deriva o seu nome da partícula sânscrita Ut: elevação, cume; Gita é canto, canção. Assim, poder-se-ia traduzir o conjuntos destes dois termos como "canto final", ou "canto supremo".


V

VAIRAGYA - Desapego, desprendimento, renunciação. Desapego em todos os níveis: material, emocional, mental. Um dos requisitos impostos ao aspirante à auto-realização.
VAYU - Ar; o deus e soberano do ar. O segundo tattva, contando do mais sutil ao mais denso. Ar, vento, hálito, ar vital.
VASUDEVA - O pai do Senhor Krishna. Nas Escrituras Sagradas, o homem perfeito é chamado Vasudeva: "Filho do Homem".
VEDANGAS - Ciências sagradas relacionadas com os Vedas, e cujo conhecimento é indispensável para o aspirante à sabedoria. Essas ciências são seis, a saber: Shiksha (pronúncia e articulação dos mantras, fonética), Kalpa (sobre os rituais), Viakarana (gramática sânscrita), Niruktha (etimologia), Chandas (prosódia) e Jyotisha (atrologia).
VEDANTA- Veda: sabedoria, conhecimento último. Anta: fim. Literalmente: "fim ou coroa dos Vedas", ou também "fim e objeto de todo conhecimento". Antiquíssima doutrina mística, dividida mais tarde em três escolas: Dvaita (dualista), Vizichtadvaita (dualista com diferenciação) e Advaita (monista).
VEDANTA-SUTRA - (Brahman-sutra) o tratado filosófico escrito por Vyasadeva para dar a conclusão de todos os Vedas.
VEDAS - As quatro escrituras védicas (Rg, Yajur, Sama e Atharva-Vedas) e seus suplementos: os Puranas, Mahabharata, Vvedanta-sutra, etc. Visão, conhecimento. É a Bíblia do Oriente.
VIKALPA- Dúvida, fantasia, ilusão. São as idéias imaginárias, que carecem totalmente da garantia da percepção. Irrealidade. Uma das cinco modificações da mente.
VIKARMA- Trabalho não autorizado ou pecaminoso, executado contra as injunções das escrituras reveladas. Falso Agir.
VIKSHEPA-SHAKTI - O segundo e último poder de Maya: o de projetar-se ali onde a verdade foi velada, ocultada, apagada em virtude do primeiro poder, ou Avarana-Shakti. A proteção é de "algo" diferente da natureza daquilo onde a idéia é projetada. Desta maneira, temos que Maya vela a realidade e, sobre o velamento, projeta algo falso. (Ver Avarana-Shakti).
VIPARYANA - Oposição, erro de juízo, falso conceito ou falso conhecimento. São as noções erradas, nascidas de conceitos falsos, É uma das cinco manifestações da mente, que se devem suprimir.
VISHNU - O ser que ocupa segundo lugar na trindade hindu (Brahma, Vishnu e Shiva). É o rei dos deuses solares ou da energia solar. Suas apresentações são muitas; entre as mais freqüentes, é visto descansando sobre grande serpente Ananta, que é símbolo da eternidade; ou cavalgando a ave Garuda, que representa o grande ciclo, ou idade de Brahman.
VIVEKA - Este termo é definido em sânscrito da seguinte maneira: Nitya (eterno), Anitya (passageiro), Vastu (coisas), Vivekahá (discernir), ou seja: discernir, discriminar, que é o real e que é o irreal. A verdadeira intuição, o conhecimento discriminado, capaz de perceber a mônada vital além das qualidade da matéria, ou ilusão. O inimigo da avidya, ou ignorância. Um dos requisitos do adhikari perfeito.


Y

YOGA - Da raiz yuj: unir. Literalmente: união, conexão, harmonia, relação. É a perfeita união do homem com a divindade. Patanjali define a Yoga como arte de suspender ou deter as funções da mente.
YOGUI - Devoto, asceta, místico; que pratica Yoga.
YUGA - Vasto período de tempo; uma das quatro idades do mundo, a saber: Krita Yuga (idade de ouro), treta Yuga (idade de prata), Dwapara Yuga (idade de bronze) e Kali Yuga (idade de ferro, ou idade negra).

(In Bhagavad Gita – Huberto Rohden – Editora Alvorada – São Paulo, 1984)
http://www.indiasabedoria.hpg.com.br/glossario.html

Compilado por Beraldo Figueiredo.

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